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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Canoagem e motocicletas

     Sábado passado eu fui em um passeio de canoa em Rotenburg com o Rotary, que é o programa de intercâmbio que estou fazendo. O Rotary sempre promove passeios e viagens com os intercambistas e, além desses programas, seus voluntários também fazem muitos trabalhos sociais como, por exemplo, com crianças carentes. O grande objetivo do Rotary com os intercâmbios é promover a paz entre as nações, esse é o grande diferencial. 

     Então eu fui à esse passeio. Foi muito bonito ver todas as paisagens e a natureza. Claro que eu cheguei em casa morta e pensei que ia ter que amputar os braços mais tarde por causa da dor e do cansaço, mas foi bem divertido!

     O destino das canoas era uma casa em Rotenburg onde é o escritório de arquitetura de um dos membros do Rotary. No quintal dessa casa foi onde eu tive o meu primeiro churrasco alemão que, posso afirmar, foi delicioso!

     No dia seguinte, domingo, fui com a Edda (que é membro do Rotary também) a uma competição de motos. Eu adorei porque foi algo bem diferente para mim, e muito interessante também. 

     Era um torneio mundial (apesar de o Brasil não participar) e todos torcemos pela equipe alemã que, é claro, venceu no final! 

     E esse foi o meu fim-de-semana, maravilhoso e cheio de coisas para fazer. Apesar do cansaço, valeu cada segundo!



      

Bremen

     Há alguns dias fui a Bremen, que fica relativamente perto da minha cidade. Andar por Bremen é como encarnar a nostalgia. Todas as enormes construções parecem contar a história de uma era passada, te embalando nessa história como se você fosse algum personagem perdido, que após anos retornou.

     Estar em um lugar tão imenso historicamente, por onde tanta gente passou em tantas décadas diferentes, acaba fazendo com que você se sinta bem pequeno, mas de uma maneira boa. Como se tudo ao seu redor fosse tão grande e  fascinante, que de repente todos os seus problemas sumissem. Você entende que não é tão único e tão só no mundo quanto pensava, uma vez que aquela cidade existia ali antes de você e já abrigou milhares de pessoas que hoje já tiveram suas existências completamente apagadas dessa Terra. 

     Como podemos nos preocupar com coisas tão pequenas durante toda a vida, sabendo que daqui a apenas alguns séculos ninguém saberá nem mesmo nossos nomes? Todas as dores que você passou serão simples fantasmas, que não atormentarão ninguém. 

     Eu senti, enquanto andava por Bremen, a vida de milhares de gerações pulsando nas paredes, nas estradas, nas entranhas da cidade. Eu vi as pessoas que já caminharam por lá antes de nós e que também acreditavam na magnitude de suas ações e na imortalidade do seu ser. Vi as pessoas que choraram e as que sorriram. E vi também aquelas que deixaram naquelas ruas um pouquinho do seu ser.

     E, com um suspiro, me deixei ali também. Acreditando que poderei existir em tudo aquilo que já existiu dentro de mim.

     Acho que nostalgia é o sentimento que nos adentra quando estamos sensíveis e abertos o suficiente para receber um pouco da alma de alguém. Os olhares, quando voltados com profundo sentimento à algum lugar, permanecem incrustados nas paredes, procurando alguém para sentí-los, mesmo que décadas depois.

     As almas nunca se perdem, nunca se vão. Todas as pessoas que passaram por todos os lugares estarão marcadas ali para sempre. Cabe a nós sentí-las.

     E então, que tal um passeio por Bremen?





 

domingo, 14 de agosto de 2011

Waffensen

Waffensen é a pequena vila onde moro na Alemanha. Quando digo pequena, quero dizer que apenas 1000 pessoas moram aqui. Mas é um lugar bastante aconchegante, que nos dá uma imensa vontade de chamar de lar.

Minha família é composta por uma mãe, um pai e três irmãs, mas uma delas também está fazendo intercâmbio, então eu convivo apenas com duas.

O intercâmbio dura um ano, mas a estadia nessa casa é por apenas quatro meses, o que é tão bom quanto ruim. A parte boa é conhecer mais lugares e mais pessoas. Minha segunda família é igualmente maravilhosa e a terceira eu ainda não conheço, infelizmente. A parte ruim é ficar tão pouco tempo com cada uma dessas pessoas, a gente acaba de se acostumar e tem que mudar de casa novamente. Bom, mas tudo tem seu lado bom e seu lado ruim, a questão é saber conviver com os dois em harmonia.

Minha escola fica em Rotenburg, que é um lugar próximo daqui. É muito bonito também, todo preenchido por casinhas lindas. É lá onde fazemos compras de supermercado, vamos à biblioteca, esse tipo de coisa. Seria um bom lugar para morar também.

Ontem à tarde, eu e minhas duas primeiras irmãs passeamos de bicicleta por Waffensen, o que me deu a oportunidade de conhecê-la melhor. Não tem muito o que se ver por aqui, mas eu gosto de observar as pessoas, as casas, as ruas, as árvores.

Em nosso passeio, acabamos passando pelo cemitério da cidade. Para alguns, esse pode ser um assunto estranho para se colocar aqui, mas eu não posso deixar de mencionar quão bonito é o cemitério de Waffensen. Acho que se a gente precisa passar o resto da eternidade em um lugar, ele deve ao menos ser bonito. Me consolaria saber que alguém que eu amo possui seu corpo repousando em um lugar de tanta paz.

Esse fato provavelmente só me chamou tanto a atenção porque foi uma cena imensamente triste conhecer o cemitério da minha cidade natal. Cada pessoa se resumia a um nome e a uma lâmpada que não mais se acendia. Tinha cheiro de esquecimento, de terra e de pranto. O cemitério aqui tem cheiro de paz.

Voltando a um assunto menos fúnebre, o clima em Waffensen tem sido chuvoso, o que eu gosto muito. O céu nublado e o vento frio sempre me agradaram. Da janela do meu quarto, consigo ver as árvores balançando e tenho acesso ao telhado, que fica extremamente convidativo à noite. É algo no mínimo poético, sentar-se no telhado, sentir o vento da noite, observar a lua e então escrever, ou desenhar, ou nada. Tendo o céu e as estrelas não precisamos de mais nada.

Hoje eu percebi a beleza do vôo dos pássaros. Se você observar bem, é como assistir a um musical. Eles cantam em harmonia, voando juntos como em uma dança. Viver em uma cidade como Waffensen é como sempre ver as coisas por um lado mais poético, mais bonito. É por isso que eu simplesmente amo esse lugar!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Chegando na Alemanha

Hoje já é meu terceiro dia na Alemanha. A chegada foi tranquila, são muitas novidades então você acaba ficando animada e se esquece de outras coisas. Na madrugada da minha primeira noite, eu acordei e comecei a perceber que vou passar um ano aqui. Comecei a sentir uma falta absurda de tudo e de todos, uma falta que eu não entendi na hora. Imagino que seja porque eu estava tão empolgada em vir logo para cá, que nem mesmo me despedi direito dos meus amigos e família. Eu não sentia como se estivesse me despedindo. Um sentimento que me dominou naquela madrugada foi o de algo inacabado. Faltava um adeus.

Eu acho que o fato de ser um ano - não um mês ou uma semana, mas um ano - é o que torna tudo tão assustador. Não que seja realmente assustador, nem que não seja nem um pouco. O fato é que toda decisão que influencie uma parte tão grande de nossa vida é tomada sempre com um pouco de hesitação. E se eu tomar a decisão errada? É difícil não se perguntar isso ao menos uma vez. Mas agora, com a decisão tomada, eu consigo ver claramente. Não, eu não tomei a decisão errada. Por mais difícil que seja e que ainda possa ser, foi o certo a ser feito. Não é todo mundo que tem a oportunidade que eu estou tendo nesse momento e seria muito estúpido da minha parte desperdiçá-la com esse tipo de pergunta.

Eu ainda não entendo a língua, mas já começo a me acostumar com tudo por aqui. De alguma forma, eu sempre senti como se estivesse indo para casa e é onde eu estou, em casa. Todas essas pessoas, elas não me são estranhas. Elas são como memórias de uma época que eu ainda viverei. Parece estranho, mas é como eu me sinto. Acho que tudo já estava interligado desde sempre. Há alguém lá em cima planejando e cuidando disso tudo.

Então aqui está a resposta para uma pergunta que possa surgir. Fazer ou não fazer intercâmbio? Eu não sei como alguém pode permitir que o medo o impeça de realizar uma experiência tão maravilhosa. A resposta é sempre sim! Você não pode dizer não pra vida, que ela diz não pra você. Cada oportunidade é única. Aproveite! Aprenda! A gente só pára de aprender quando pára de viver. O medo, ele dura um momento, mas a experiência é para toda a vida.